Em 23 de novembro de 1884, a Princesa Isabel escrevia em seu diário:
“O campo do Ipiranga é muito bonito e daí tem-se vista magnífica. Quando o belo monumento, de que o Betzi (sic!) me mostrou o plano, estiver pronto e daí houver um boulevard até o Brás, poderemos dizer que temos com que comemorar o fato da Independência de nosso país”.
(…)
A construção de um grandioso monumento que lembrasse às gerações futuras a proclamação da Independência, no mesmo lugar em que se tinha dado o histórico acontecimento, estava preocupando há muito não só os paulistas, mas a todos os brasileiros. Foi em 1823 que José Bonifácio autorizou a abertura de uma subscrição pública para a construção de um monumento comemorativo e, logo depois, em setembro de 1824, o presidente da Província, Lucas Antônio Monteiro de Barros, sugeria às Câmaras Municipais a construção de um monumento na rua da Glória, junto ao Hospital da Misericórdia. O governo imperial no entanto era de opinião que o monumento deveria ser erigido à beira do riacho, no Ipiranga. Em 12 de outubro de 1825 foi lançada a pedra fundamental de uma construção algo pobre e inexpressiva que, assim mesmo, consumiu quase que nos alicerces todos os fundos coletados, obrigando à suspensão das obras, embora a idéia continuasse de pé. Por volta de 1861, paulistas de prestígio fundaram a “Sociedade Zeladora da Glória do Ipiranga” e em 1869, em consequência de novas e generosas contribuições, foi enviada à Corte uma comissão encarregada de entender-se com o governo imperial, não conseguindo todavia alcançar o fim almejado.
O governo provincial instituiu, então, as “grandes loterias do Monumento do Ipiranga”, iniciativa que produziu muito dinheiro, de forma que a comissão paulista encarregada de cooperar com a corte para a realização do projeto, resolveu deixar de lado a idéia inicial, levantando uma obra verdadeiramente grandiosa.
Assim, em 25 de outubro de 1882 foi dado o encargo do projeto a Gaudenzio Benzi, e no fim daquele mesmo ano era colocada a primeira pedra do edifício, transportada numa padiola da rua São Bento até o alto do Ipiranga, com um acompanhamento de trezentos trabalhadores que levavam pás e picaretas enfeitadas.
(FRANCO CENNI – “Italianos no Brasil” – São Paulo)