Autor francês estimado por Pio IX, Mons. Jean Joseph Gaume, assim definiu a Revolução numa célebre página:
“Se, retirando a máscara à Revolucao, lhe perguntardes: ‘Quem és tu?’ Ela vos dirá:
‘Eu não sou aquilo que as pessoas pensam de mim. De mim, muitos falam, mas poucos me conhecem. Eu não sou o carbonarismo, que conspira na sombra, nem a rebelião que brame nas ruas, nem a mudança da Monarquia em República, nem a substituição de uma dinastia por outra, nem a momentânea convulsão da ordem pública. Nao sou os urros dos Jacobinos, nem os furores da Montanha, nem os combates das barrricadas, nem as pilhagems, nem os incêndios, nem a lei agrária, nem a guilhotina, nem os afogamentos. Não sou Marat, nem Robespierre, nem Babeuf, nem Mazzini, nem Kossouth. Todos estes são meus filhos, mas essa não sou eu. Todas estas coisas são obra minha, mas não sou eu. Todos estes homens e todas estas coisas são fatos transitórios, e eu sou um processo permanente.
Eu sou o ódio contra toda e qualquer ordem social e religiosa que não seja estabelecida pelo homem e na qual ele não seja rei e deus ao mesmo tempo: eu sou a proclamação dos direitos do homem contra os direitos de Deus; sou a filosofia da revolta, a política da revolta, a religião da revolta; sou a negação armada; sou a fundação do Estado religioso e social sobre a vontade do homem, em lugar da vontade de Deus; numa palavra, sou a anarquia; porque quero ver Deus destronado e submetido ao homem. Eis o motivo por que me chamam Revolução, isto é, a desordem, porque eu coloco em cima aquele que, segundo a lei eterna, deveria estar em baixo; e ponho em baixo aquele que deveria estar em cima.”
(Pio IX – Roberto de Mattei – Livraria Civilização Editora, Porto)