
"A piedade é útil para tudo, encerrando as promessas da vida presente e as da vida futura", nos ensina o Apóstolo das Gentes (Foto Andreas F. Borchert)
Do século I ao XIII (…) Nosso Senhor Jesus Cristo, com Seu Novo Testamento, foi o Doutor ouvido, o guia seguido, o Rei obedecido. Sua realeza era reconhecida a tal ponto pelos príncipes e pelos povos, que eles a proclamavam até em suas moedas. Sobre estas era gravada a Cruz, sinal augusto (… ) do espírito de sacrifício, oposto à idéia pagã do espírito de prazer.
À medida que o espírito cristão penetrava nas almas e nos povos, almas e povos progrediam na luz e no bem e se elevavam pela única razão de que viam sua felicidade no alto e para lá se dirigiam. Os corações se tornavam mais puros, os espíritos mais inteligentes. Os inteligentes e os puros introduziam na sociedade uma ordem mais harmoniosa. (…)
A ordem mais perfeita tornava a paz mais geral e mais profunda; a paz e a ordem engendravam a prosperidade, e todas essas coisas davam abertura às artes e às ciências.
De sorte que, como observou Montesquieu: “A religião cristã, que parece não ter outro objeto senão a felicidade da outra vida, torna feliz a vida nesta terra”.
É, aliás, o que São Paulo anunciou quando disse: “Pietas ad omnia utilitas est, promissionis habens vitae quae nunc est et futurae” – A piedade é útil para tudo, encerrando as promessas da vida presente e as da vida futura (1 Tim., 4,8).
O próprio Nosso Senhor não nos disse “Procurai antes de tudo o reino de Deus e sua justiça; o resto vos será dado de acréscimo”? (Mt. 6,33). Não era uma promessa de ordem sobrenatural, mas o anúncio das consequências que deviam surgir logicamente da nova orientação dada ao gênero humano.
A ascensão, já não direi das almas santas, mas das nações, teve seu ponto culminante no século XIII.
São Francisco de Assis e São Domingos, com seus discípulos São Luís de França e Santa Isabel da Hungria, acompanhados e seguidos de tantos outros, mantiveram por certo tempo o nível que fora atingido pelos exemplos de desapego das coisas do mundo, de caridade para com o próximo e de amor de Deus que deram tantos outros santos (DELASSUS, Le Problème de l’Heure Prèsente, t.I, pp. 37-39).